quarta-feira, 15 de junho de 2011

Saiba como comprar ações analisando os principais múltiplos da estratégia fundamentalista


A análise fundamentalista busca, basicamente, avaliar a saúde financeira das empresas, projetar seus resultados futuros e determinar o preço justo para as suas ações. Para isso, os analistas levam em consideração os chamados fundamentos da empresa, isto é, todos os fatores macro e microeconômicos que influenciam no seu desempenho. A partir de uma minuciosa análise de todos eles, é possível projetar os resultados da companhia no longo prazo, em geral num período de cinco a dez anos. Enraizada na tradição contábil, a análise fundamentalista no Brasil tem como um de seus pontos de partida a análise das demonstrações financeiras das empresas, também conhecida como análise de balanços.
De posse das informações dos demonstrativos financeiros, os analistas podem verificar a saúde financeira de uma empresa, por exemplo, comparando os demonstrativos de um ano para outro, para ver a evolução das contas, ou comparando demonstrativos de empresas diferentes de um mesmo setor, para verificar qual delas teve um melhor desempenho naquele exercício. Aliás, a análise sempre é mais confiável quando se considera também os concorrentes da empresa analisada e o seu desempenho ao longo dos anos.
A partir dos dados dos balanços, é possível também calcular uma série de índices e múltiplos. É importante ressaltar que isoladamente nenhum desses indicadores é suficiente para avaliar se os papéis de uma empresa são "bons" para se investir ou não. É preciso, portanto, considerar o conjunto de dados para tentar traçar um cenário, comparar indicadores de diferentes empresas de um mesmo setor e a variação deles de um ano para outro.
Os principais múltiplos
Conheça alguns dos principais índices e múltiplos da análise fundamentalista:
Ebitda (na sigla em inglês, Lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização): o Ebitda representa o Lucro Operacional, acrescido de depreciação e amortização inclusas no custo dos produtos vendidos e nas despesas operacionais. Ele é expresso em percentual do faturamento, ou seja, quanto de lucro restou de cada real gerado pela atividade operacional da empresa.
Esse indicador é considerado eficiente porque mostra o real potencial de geração de caixa de uma empresa, uma vez que indica quanto dinheiro é efetivamente gerado por sua atividade principal. Seu mérito é desconsiderar a dedução das despesas financeiras, de depreciação e de impostos. Isso porque, na hora de contabilizar essas deduções, é possível ser bastante flexível, o que não torna o Lucro Líquido o indicador mais consistente. Quando se compara empresas de países diferentes, então, o Ebitda se torna uma ferramenta ainda mais importante.
Considera-se que esse indicador pode medir com precisão a produtividade e a eficiência do negócio. No entanto, o Ebitda não considera o montante de reinvestimento requerido pela depreciação. Em outras palavras, não considera se a empresa reserva uma parte de sua receita para reinvestir, por exemplo, na renovação de suas máquinas e equipamentos que, com o tempo, certamente sofrerão desgaste.
Valor de empresa sobre Ebitda (VE / Ebitda): relaciona o valor de empresa com sua capacidade de geração de caixa, aferida pelo Ebitda. O valor de empresa equivale ao valor de mercado acrescido de sua dívida líquida, ou seja, o valor pertencente aos acionistas e aquele pertencente aos credores. O valor de mercado, por sua vez, é expresso pela cotação da ação multiplicada pela quantidade total de ações.
Margem Bruta: relaciona Lucro Bruto com as vendas em um determinado exercício. Demonstra quanto, de cada real vendido, permaneceu na empresa na forma de Lucro Bruto.
Margem Bruta = Lucro Bruto / Vendas Líquidas
Se o resultado for, por exemplo, 0,06, significa que, de cada real vendido ou de serviço prestado, 6 centavos sobram de lucro para a empresa. Pode-se fazer o mesmo cálculo utilizando-se, em vez do Lucro Bruto, o Lucro Operacional e o Lucro Líquido, obtendo-se, respectivamente, a Margem Operacional e a Margem Líquida.
Valor Patrimonial da Ação (VPA): representa o valor intrínseco da ação.
VPA = Patrimônio Líquido / Quantidade de Ações
Se as ações são negociadas acima de seu VPA, significa que o mercado tem boas expectativas em relação à empresa e, por isso, os investidores aceitam pagar mais do que a ação teoricamente valeria. Do contrário, significa que o mercado tem expectativas negativas em relação à empresa ou a seu setor. No entanto, o investidor não deve se enganar: ações negociadas a cotações muito acima de seu VPA podem indicar euforia. Quando isso acontece, pode ser que a empresa não consiga entregar os resultados esperados. No caso de uma crise, o choque no preço dessas ações é especialmente desastroso para o investidor.

Preço por Valor Patrimonial da Ação (P/VPA): indica a relação entre o preço da ação (sua cotação no mercado) e seu valor patrimonial.
Fórmula: Preço da ação / VPA
Se o resultado for acima de 1, significa que a ação está sobreavaliada pelo mercado. Abaixo de 1, indica que está subavaliada.
Rentabilidade sobre Patrimônio (RPL): representa a taxa de retorno do acionista, medindo a capacidade da empresa de gerar lucro a partir de seu patrimônio, ou seja, do capital investido.
RPL = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido
Quanto maior for esse indicador, melhor. Ao aumentar de ano em ano, esse múltiplo mostra que a performance da empresa foi melhor (pois mostra que o mesmo capital gerou mais lucro).
Preço / Lucro (P/L): é um dos múltiplos mais importantes da análise fundamentalista. Indica ao acionista o tempo de retorno do seu investimento, isto é, o número de anos necessários para que o investidor lucre a partir de sua aplicação.
Fórmula: Preço da ação / Lucro por ação
O Lucro por ação é obtido dividindo-se o Lucro Líquido pela quantidade de ações. Esse múltiplo é um bom indicador de "preço" da ação, pois, simplificadamente, quanto menor o P/L, menor o preço. Não se deve, no entanto, comprar uma ação só porque seu preço está "baixo". Quando se compara papéis de empresas de um mesmo setor, por exemplo, um P/L mais elevado em relação a uma das companhias indica o otimismo do mercado em relação ao seu desempenho.
É bom verificar, no entanto, se houve alguma anormalidade no lucro do último ano, bem como a expectativa de lucro para o próximo exercício, a fim de definir se a relação entre os dois indicadores - preço e lucro - vai se manter ou não.
Taxa de retorno (TR): é o inverso do P/L. Assim, a TR mostra, percentualmente, o quanto se obtém em um ano.
TR = (L/P) x 100
Ou seja, se o P/L de uma empresa é de quatro anos, isso significa que o investimento só será inteiramente recuperado em quatro anos e que, a partir daí, teoricamente, o acionista começa a lucrar. Essa mesma empresa terá uma TR de 25%, o que indica que, em um ano, o acionista recupera 25% de seu investimento.
Dividend Yield (DY): indica o quanto a empresa distribui de dividendos a seus acionistas, em percentual sobre o valor de mercado da ação.
DY = (Valor total dos Dividendos / Cotação da Ação) x 100
Ou seja, se uma ação vale 100 reais e a empresa distribuiu, no último exercício, 8 reais em dividendos, o valor do DY será de 8%. Vale lembrar que empresas que mantêm um elevado DY possuem papéis de menor volatilidade, já que a maior parte dos retornos ao acionista vem na forma de dividendos e não pelo aumento no valor da ação. DYs elevados são mais característicos, portanto, de empresas em estágio mais maduro de negócios, que não investem pesadamente em expansões no médio prazo.
Até a próxima dica!

sexta-feira, 18 de março de 2011

I.R. sobre Ações: Aprenda como declarar!


Entre as regras sobre a obrigatoriedade da entrega da Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física está a que afirma que a pessoa física que realizou, ao longo de 2010, negócios em bolsa de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas são obrigadas a prestar as contas com o Fisco.

De acordo com o site da Receita (www.receita.fazenda.gov.br), o simples fato de a pessoa física ter comprado ações durante o ano, mesmo que não tenha vendido ou negociado mais nada, torna obrigatória a entrega da declaração.

Mas a grande dúvida da maioria dos investidores é: como declarar estes investimentos? Onde e quais informações deve ser declaradas?

Confira um passo-a-passo de como acertar as contas com o Leão.
O que e como declarar?O contribuinte que se enquadra na situação citada anteriormente deve informar, na declaração do IR 2011, referente ao ano-calendário 2010:

• os ganhos líquidos apurados em operações realizadas em bolsas de valores, mercadorias, futuros e assemelhadas;
• os prejuízos apurados em operações realizadas em bolsas de valores, mercadorias, futuros e assemelhadas;
• a posição em ações e os contratos de opções, termo e futuro mantidos em 31/12/2010.
Os ganhos ou perdas apurados em bolsa devem ser informados no Demonstrativo de Renda Variável – Operações Comuns/Day-trade.

O demonstrativo é composto de duas colunas: Operações Comuns e Operações Day-trade, e de 12 (doze) páginas, sendo que cada uma corresponde a um mês do ano-calendário. A cada mês, em cada linha relativa ao mercado/ativo em que foram realizadas operações, devem ser informados o ganho líquido ou o prejuízo (preço líquido de venda (-) custo de aquisição) apurados, lembrando que os prejuízos devem ser informados com o sinal negativo (-) na frente do valor.

Após o preenchimento, o programa automaticamente apura o resultado final. Caso seja negativo, o programa assume o valor como prejuízo e o transporta para o próximo mês. Sendo positivo, como as alíquotas já estão informadas no programa (15% para operações comuns e 20% para day-trade), o programa multiplica a base de cálculo pela alíquota e informa o valor do imposto devido.
É importante que esse valor calculado pelo programa seja comparado ao valor apurado pelo investidor.

Na Declaração de Bens e Direitos deve ser informada a posição de ações em 31/12/2010 e também os contratos de opções, termo e futuro. Deve ser informado e discriminado cada conjunto de ações, cada conjunto de opções separadas por séries e contratos de termo e futuro separados por vencimento.  É importante que seja colocado um histórico dos ativos, como o nome, quantidade e data de aquisição. Esses ativos devem ser declarados pelo custo líquido de aquisição (descontado custos de corretagem, emolumentos e outros; vide nota de corretagem).

Operações isentas
De acordo com o artigo 3º da Lei 11.033, de 21 de dezembro de 2004, ficam isentos do imposto de renda os ganhos líquidos auferidos por pessoa física em operações no mercado à vista de ações nas bolsas de valores e em operações com ouro ativo financeiro cujo valor das alienações, realizadas em cada mês, seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), para o conjunto de ações e para o ouro ativo financeiro, respectivamente.

No entanto, apesar de isentas, estas operações devem ser informadas da declaração de ajuste anual.

Assim, no caso de lucros em operações com ações, cujo valor mensal das vendas seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 para o conjunto de ações, o investidor deve preencher, na Declaração de Ajuste Anual, a ficha Rendimentos Isentos e Não-Tributáveis.

As informações relativas às movimentações de dependentes devem ser informadas na declaração do titular, sempre indicando que é de algum dependente. O programa do IRPF dá essa opção tanto no Demonstrativo de Renda Variável quanto nas outras fichas, como rendimentos isentos, rendimentos sujeitos à tributação exclusiva e na declaração de bens e direitos.

** Lembrete Importante
Nas operações do mercado à vista, que tiveram movimentação de venda superior à R$ 20 mil no mês; o recolhimento do imposto é obrigatório para o investidor, podendo deduzir prejuízos de meses anteriores. O prazo é até o último dia útil do mês subsequente aquele em que os ganhos tiverem sido apurados, sendo que o recolhimento deve ser feito com código Darf 6015.
O investidor é obrigado por lei a manter o controle sobre as posições de seus investimentos, e prestar contas com a Receita.

Se você quiser esclarecer dúvidas sobre como declarar suas ações no IR, escreva para os assessores da Private Brokers: fjlorenzo@ig.com.br

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O aluguel de imóveis vai subir? Veja como ganhar com isto na Bolsa.

O principal índice que ajusta os aluguéis de imóveis é o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), divulgado pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Após a divulgação do último indicador do ano, dia 29 de dezembro o principal balizador para o reajuste de aluguéis, fechou o ano de 2010 com variação de 11,32%. Hoje, de acordo com dados do primeiro decêndio de janeiro, o IGP-M acumula alta de 11,09% em 12 meses. Diante de tais resultados, quem vive de aluguel de imóvel tem motivos para comemorar. Se você não dispõe de imóveis para alugar, mas quer se beneficiar desta alta; uma boa alternativa é via fundos imobiliários.

Esses Fundos de investimentos têm o seu patrimônio investido na compra de imóveis, que são posteriormente alugados. Praticamente todos os imóveis que são comprados por estes fundos são comerciais. O investidor ganha pela valorização da cota dos fundos, além de receber aluguéis mensais, referentes aos imóveis locados. Um dos atrativos desta modalidade de investimento é a isenção de I.R para os investidores pessoa física, sobre o recebimento desses aluguéis.

No caso de venda de um imóvel pertencente ao fundo, haverá uma assembléia entre os cotistas, onde será decidido na distribuição do lucro da venda, ou na compra de outro imóvel. No caso da distribuição dos lucros, o cotista pagará I.R de 15% apenas, muito menor do que o imposto sobre ganhos de capitais no caso de um imóvel real. Hoje já existem mais de 30 Fundos Imobiliários (FII) com cotas negociadas na Bolsa de Valores, com investimentos a partir de R$ 200,00. Basta ser cliente de uma corretora de valores, como a Indusval, parceira da Private Brokers, para começar a investir.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Os melhores e piores investimentos de 2010


O ano de 2010 foi marcado pela escalada da inflação, pelas eleições e pela insegurança em relação à recuperação econômica dos países desenvolvidos. Diante desse cenário, muitos investidores procuraram proteger seus investimentos em aplicações como o ouro e a renda fixa, ao mesmo tempo em que a bolsa amargou perdas.

No Brasil, os investimentos que conseguiram superar a inflação foram os títulos de renda fixa atrelados ao IPCA (Tesouro Direto – NTN-B), que deve fechar o ano em 5,8%, ou aqueles ligados ao CDI (Tesouro Direto – LFT). Para conter a economia aquecida, o Banco Central elevou os juros de 8,75% para 10,75% ao longo do ano, tendência que deve continuar em 2011. A poupança, por sua vez, quase não conseguirá superar a inflação, mas fechará o ano sem perdas reais.

A bolsa de valores, baseado apenas pelo Ibovespa, não foi um bom investimento, visto que vai encerrar o ano com rentabilidade nula. O principal motivo é o forte peso das Blue Chips no índice (Ações com maior volume de negócios na Bolsa) que tiveram fraco desempenho no ano. A principal ação do índice, a Petrobras, esteve envolvida em incertezas sobre a capitalização, tendo conseqüente desvalorização de mais de 30% nos papéis da estatal.

Por outro lado, quem investiu nas ações dos principais setores que estão em alta na economia brasileira, se deu muito bem. Os 3 setores que tiveram ações com melhor desempenho (considerando as 5 principais empresas de cada setor), conforme a classificação setorial da Bovespa foram:

  1. Tecido, Vestuário e Calçado = Retorno médio de 97% no ano.
    • Empresas da amostra: Lojas Renner, Guararapes, Lojas Marisa, Cia Hering e Alpargatas.
  2. Material Aeronáutico e rodoviário = Retorno médio de 67% no ano.
    • Empresas da amostra: Embraer, Marcopolo, Randon, IOCHP-Maxion e Metal Leve.
  3. Medicamentos e serviços de saúde = Retorno médio de 52% no ano.
    • Empresas da amostra: Amil, DASA, Odontoprev, Fleury e Cremer.

Contudo vale reconhecer que o ouro foi a aplicação do ano. O metal se valorizou em 2010: nada menos que 37,10% até meados de dezembro. Essa alta é comum quando os investidores se sentem inseguros diante de ameaças de crises e conflitos, pois apostar no metal precioso protege as aplicações.

Este ano, os investidores temiam uma nova crise mundial, frente ao grande endividamento de alguns países europeus (os chamados Piigs) e do crescimento americano abaixo do esperado. Outro problema foi a forte desvalorização do dólar, que usualmente puxa o preço das commodities para cima, como é o caso do ouro.

Entretanto, especialistas acreditam que 2010 não foi um ano repleto de acontecimentos econômicos marcantes.

Agora é aguardarmos o ano novo, e os primeiros dias do Governo Dilma, para analisarmos as perspectivas sobre os melhores investimentos.

Bons Investimentos em 2011!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Inflação pode valorizar algumas ações


As ações de algumas empresas costumam ser mais demandadas pelos investidores quando existe a expectativa de alta da inflação. Esse é o caso de concessionárias de serviços públicos, como energia elétrica, rodovias, telefonia fixa e saneamento. Os contratos assinados entre essas empresas e o governo permitem a aplicação de reajustes anuais das tarifas cobradas da população que de alguma maneira seguem a inflação.

Maior concessionária de rodovias do Brasil, a CCR, por exemplo, pode repassar anualmente o IGP-M para o valor dos pedágios cobrados nas estradas que administra no estado de São Paulo. Isso significa que ao mesmo tempo em que os paulistas terão de desembolsar mais dinheiro para viajar no próximo ano, a empresa terá aumento em suas receitas - o que é positivo para as ações.

Empresas que administram shopping centers ( exemplos: Iguatemi, BR Malls e General Shopping) ou outros tipos de imóveis também devem se beneficiar da inflação porque os aluguéis cobrados vão subir. Por outro lado, é preciso tomar cuidado com as empresas bastante endividadas, pois a alta da inflação deve levar o BC a elevar os juros para contê-la. Logo, as dívidas emitidas pelas empresas também ficarão mais caras e reduzirão os lucros obtidos e os dividendos distribuídos aos acionistas.

A correlação de inflação e remuneração da aplicação é muito maior na renda fixa do que na bolsa. Contudo, é bom lembrar que o Mercado acionário sofre diversos fatores de risco. Se o cenário econômico internacional piorar, é necessário adotar estratégias voltadas para o Mercado de baixa, para não perder dinheiro.

Pré-sal, Copa e Olimpíadas "blindam" economia do Rio.


A onde de violência no Rio de Janeiro tem repercussão internacional e impacto direto na economia da região. Não é fácil mensurar o tamanho do estrago, mas é possível afirmar que o comércio e o turismo são os primeiros setores atingidos.
Uma estimativa da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) aponta perdas de R$ 39 milhões por dia com lojas fechadas em 15 regiões castigadas pelos confrontos. O montante representa 11% do faturamento diário do varejo da cidade.
Cálculos para o turismo não são tão simples e objetivos assim. Se houver cancelamentos de quartos em hotéis, o prejuízo poderá ser calculado. Porém, o difícil é mensurar eventuais viagens que deixarão de ser feitas por turistas brasileiros e estrangeiros. O arranhão na imagem do Rio de Janeiro é inequívoco.
Entretanto, a atual escalada da violência urbana em nada altera as projeções econômicas favoráveis para a região. A próxima década será marcada por investimentos em infraestrutura para a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016. Não faltará dinheiro público e privado - com papel decisivo do BNDES.
Sem falar, é claro, no peso que a indústria do petróleo tem no PIB da região e as perspectivas promissoras que o Pré-sal proporciona. Para muitos, é a grande oportunidade de o Rio de Janeiro resolver problemas sociais que se arrastam há décadas, cujo reflexo é observado nos morros.
É provável que boa parte dos ganhos de receita do governo estadual e municipal seja destinada à segurança pública – um desperdício de dinheiro na categoria do mal necessário. A violência urbana atrapalha e atrasa o desenvolvimento do Rio de Janeiro, mas não o inviabiliza. Na próxima década, pelo menos, a economia da região estará “blindada” pela Copa, pelos Jogos Olímpicos e pelo Pré-sal.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A História do ex-rei do Capitalismo.


Em fevereiro de 2007, O mercado financeiro americano teve o seu Baile da Ilha Fiscal. O motivo de festa era o aniversário de 60 anos de Stephen Schwarzman, controlador do fundo de private equity Blackstone. Mais que o aniversário, celebravam-se, ali, os feitos do homem mais poderoso de Wall Street. Seu fundo controlava empresas que faturavam 171 bilhões de dólares e tinham mais de meio milhão de funcionários. No ano anterior, o bônus de Schwarzman havia sido de 398 milhões de dólares, ou mais de 1 milhão de dólares por dia. E, dias antes da festa, ele concluíra a compra da companhia imobiliária Equity Office Properties por 39 bilhões de dólares. Limusines engarrafaram a Park Avenue, em Nova York, para despejar os 500 luminares convidados. Entre eles, os presidentes dos maiores bancos de investimento do mundo, todos também vivendo o auge de seu poder. Rod Stewart subiu ao palco (o cachê: 1 milhão de dólares); um recém-concluído retrato em tamanho real do aniversariante foi exibido. No mês seguinte, Schwarzman entrou com a papelada para a abertura de capital do Blackstone, que faria sua fortuna chegar a 10 bilhões de dólares. Quem viu nesses excessos todos um mau sinal acertou em cheio. Poucos meses depois da festa, o reinado de Schwarzman chegou ao fim. No ano seguinte, Wall Street inteira iria para o buraco.
A história de Schwarzman - do início modesto à queda, passando pelo breve período monárquico - é narrada no recém-lançado King of Capital ("O rei do capital"), escrito pelos jornalistas americanos David Carey e John Morris. Em 1985, Schwarzman juntouse a seu chefe no Lehman Brothers, Peter Peterson, para tentar aproveitar aquela que era a maior sensação de Wall Street nos anos 80: a onda de compras de empresas por fundos. Reinava absoluto, na época, o KKR, fundado por Henry Kravis. O KKR inventou a forma com que os grandes fundos ganhariam fortunas. Para comprar uma empresa, bastava entrar com um pouco de dinheiro, tomar o resto emprestado e, depois, usar o caixa da companhia comprada para pagar a dívida. Ao fim do processo - se tudo, claro, desse certo -, os fundos vendiam a empresa por um preço maior, e sem a dívida. Schwarzman foi um dos que viram na estratégia da KKR uma oportunidade única de ganhar dinheiro. Ao mesmo tempo, em Washington, David Rubenstein e dois sócios fundavam o Carlyle, com objetivo semelhante. Hoje, Blackstone, Carlyle e KKR são os maiores fundos de private equity do mundo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Bretton Woods 2: O retorno do padrão-ouro

 
O ouro, que perdeu seu papel de padrão, nas trocas intenacionais há 40 anos, começa a desempenhar um novo papel na nova ordem mundial que será debatida por chefes de Estado de grandes países emergentes e desenvolvidos do G20, afirmou o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.

Em artigo publicado a três dias da cúpula do G20 em Seul, Zoellick afirma que o mundo precisa de um novo sistema para suceder ao que ele chama de "Bretton Woods II", o regime de trocas flutuantes em vigor desde o final, em 1971, da convertibilidade do dólar em ouro.
Segundo o presidente do Banco Mundial, este novo quadro "deveria incluir o dólar, o euro, o iene, a libra esterlina e o renminbi (iuane chinês)".

Mas "o sistema deveria também considerar empregar o ouro como um ponto de referência internacional ligado às previsões do mercado e de valor futuro das moedas", lançou o Financial Times nesta segunda-feira.

"A ideia é utilizar o ouro como um novo indicador de inflação", descreveu Cédric Tille, professor de economia no Instituto de Altos Estudos Internacionais e do Desenvolvimento de Genebra.

A onça do ouro subiu nos últimos dias a níveis nunca antes atingidos, ultrapassando pela primeira vez nesta segunda-feira o patamar de 1.400 dólares, sustentado pelo enfraquecimento do dólar suscitado pelo anúncio de medidas de retomada econômica do Federal Reserve americano (Fed, o banco central).

A ideia de "reintroduzir do ouro no sistema" não é, em si, mau, considera Jean Pisani-Ferry, diretor do 'think tank' europeu Bruegel.